A depressão e a dependência química podem ter uma forte relação. Descubra quando uma pode levar a outra e o que fazer.
Tanto a dependência química quanto a depressão são transtornos mentais e precisam de atenção. Suas causas e efeitos são variados, mas uma pode sim estar completamente ligada com a outra.
O que isso quer dizer é que, tanto quem tem depressão pode ter maior facilidade de desenvolver a dependência química, quanto um dependente químico é mais propenso a sofrer de depressão e outros transtornos mentais.
Por que a dependência química pode causar depressão?
Antes de entendermos essa relação, é preciso estabelecer o que é a dependência química. Este transtorno mental atinge milhares de pessoas e caracteriza-se pelo uso compulsivo de alguma substância, seja ela álcool, maconha, cocaína, metanfetamina, tabaco e até mesmo alguns remédios controlados.
Um dependente químico não consegue ficar sem a sua substância por um longo período de tempo e apresenta sintomas de abstinência quando isso ocorre. A pessoa não consegue controlar a quantidade que consome e sente que sempre precisa de mais. Com isso, começam a aparecer os prejuízos na vida pessoal causados pelo abuso dessas substâncias.
Um dependente químico pode ter iniciado o consumo da substância viciante por uma série de motivos, mas dentre os principais, além da predisposição genética e ambiental, está a necessidade de fuga, falta de controle emocional e incapacidade de lidar com a realidade. As drogas, portanto, oferecem uma experiência prazerosa momentânea, mas cobram o preço mais tarde com as consequências da dependência.
Cada droga tem um efeito específico e pode influenciar o indivíduo a desenvolver depressão de uma forma diferente. O álcool, por exemplo, é depressor do sistema nervoso central e é considerado uma droga suja, pois atua em vários neurotransmissores. Com o uso abusivo, ao longo do tempo podem surgir a irritabilidade e a predisposição à depressão.
Já a cocaína, por exemplo, ao ser consumida faz com que o indivíduo se sinta como um super-herói, dando-lhe a sensação que pode fazer tudo que desejar. No entanto, algum tempo após o uso, os sintomas depressivos causados pela droga são bastante intensos, provocando uma série de reações emocionais. Essa é uma das drogas mais viciantes e nocivas.
A maconha também está nesta lista. Apesar de aparentemente promover um efeito relaxante, sua abstinência gera bastante ansiedade e também pode causar sintomas depressivos ao longo do tempo.
Ou seja, de modo geral, a dependência química pode causar depressão, pois as drogas interagem diretamente com o sistema nervoso central e, ao longo do tempo, podem provocar um desequilíbrio químico grave. Além disso, também há a dependência emocional da droga, vista algumas vezes pelo usuário como sua ‘salvação’.
Se você não consegue deixar de tomar uma cerveja eventualmente, ou não consegue se controlar e parar após iniciar o consumo, é melhor tomar cuidado e procurar por ajuda, pois este pode ser um sinal de dependência química, uma vez que o álcool geralmente é a principal porta de entrada para outras drogas.
Relação inversa: a depressão como fator para a dependência química
Também é bastante comum que pessoas com depressão passem a abusar de substâncias químicas, gerando dependência e piorando ainda mais o quadro depressivo.
Essa relação ocorre pois o indivíduo pode encontrar na droga, seja ela o álcool como um relaxante ou a cocaína como um estimulante, por exemplo, a sua chance de fuga da realidade, alívio momentâneo daqueles sintomas e uma sensação de bem-estar passageira. Posteriormente, porém, os sintomas da depressão voltam com ainda mais intensidade e ao longo do tempo, com o aumento da dependência, o quadro piora ainda mais.
Identificando o que vem primeiro
São inúmeros os motivos que podem levar uma pessoa à dependência química e um deles é a depressão. Para saber se o transtorno primário é a depressão ou a dependência química, é necessário paciência e ajuda profissional, como a observação do psiquiatra, para diferenciá-los de forma precisa.
Um bom exemplo são os indivíduos que passam pela abstinência do álcool com o intuito de livrar-se do vício. Dados apontam que 42% dessas pessoas apresentaram sintomas que se encaixam perfeitamente em um quadro depressivo uma semana após pararem com o consumo de álcool. Três semanas mais tarde e sem o uso de qualquer medicamento, apenas 6% continuavam apresentando sintomas depressivos.
Depressão e dependência química: ainda piores quando juntos
O paciente com dependência química em concomitância com a depressão, tem maior dificuldade de seguir o tratamento corretamente e pode apresentar problemas com as interações medicamentosas dos antidepressivos juntamente com as outras substâncias psicoativas ingeridas. Isso, portanto, dificulta bastante o tratamento, fazendo com que o paciente não apresente melhoras ou até tenha o quadro piorado. Por isso, quanto mais cedo procurar o tratamento, melhor.
Aos primeiros sinais de dependência química ou de depressão, procure um psiquiatra ou um psicólogo, eles saberão dar a melhor orientação para proteger a sua saúde mental.
Fonte: Parceiro Grupo Mast Saúde Mental: https://psiquiatriapaulista.com.br/dependentes-quimicos-tem-maior-probabilidade-de-desenvolver-depressao/