Seja em festas, rodas de conversa, ou em um jantar com amigos, o consumo de bebidas alcoólicas faz parte da vida de muitas pessoas. Até aí, tudo bem. O problema é quando esse hábito começa a extrapolar os limites e se torna uma doença.
Importante enfatizar que, se você conhece alguém que esteja enfrentando o vício, a melhor coisa a fazer é manter uma postura otimista e evitar julgamentos. Afinal, o alcoolismo não é um desvio de caráter.
Quais os danos dos alcoolismo a longo e curto prazo?
Em curto prazo são os problemas com a intoxicação, dirigir embriagado, acidentes, conflito com outras pessoas, se colocar em situações de risco, perda de trabalho e coisas do tipo. No médio e longo prazo, existem as deteriorações secundárias. Aí são muitas. Deteriorações neurológicas, inclusive às vezes clínicas, com alterações do fígado e outras complicações decorrentes de cirrose. Existem quadros neurológicos com pessoas que ficam bastante “demenciadas” em função do uso do álcool.
O que leva à dependência?
Uma combinação de fatores, mas os aspectos genéticos são muito impactantes. Pessoas que têm familiares com dependência de drogas, álcool ou jogo, têm muito mais chances de se tornarem dependentes também. Mas a exposição do álcool, as circunstâncias de vida e o meio social também podem contribuir para isso.
Existe algum sinal de alerta para que uma pessoa consiga diferenciar o beber social do alcoolismo?
Um dos elementos que configura a dependência é a perda de controle. Nesse caso, a pessoa não é capaz de beber comedidamente. Ela bebe até não conseguir mais, e tem uma incapacidade de frear o seu impulso. Além disso, apresenta uma necessidade crescente de uso. Então começa a aumentar a frequência e intensidade do hábito e a migrar para substâncias mais fortes a fim de ter a mesma sensação. Outro aspecto é que, mesmo com outras pessoas comentando que está exagerando, colocando o trabalho e situações pessoais em risco, ela insiste no comportamento e não consegue ficar sem. É evidente que nem sempre isso é muito claro. Às vezes a pessoa não tem uma perda de controle absurda, mas não consegue ficar um dia sem beber.
Quando é hora de procurar ajuda e de que forma acontece o tratamento?
Ao se dar conta de que não se tem mais controle e isso começar a comprometer a vida familiar, pessoal e social. Muitas vezes esse processo é demorado e dolorido. Algumas pessoas resistem e não conseguem ter uma auto avaliação crítica. O que muitas vezes é parte do sintoma, já que o alcoolista muito debilitado não vê que tem o problema e nega isso de maneira veemente. E isso dificulta muito, porque mudar o comportamento é parte do tratamento. Além disso, é possível utilizar medicamentos que ajudam a controlar a vontade de beber compulsivamente, ou fazer psicoterapia para ajudar a modificar uma série de padrões cognitivos e de pensamento. Também há os grupos de ajuda, como os Alcoólicos Anônimos, e as religiões também podem contribuir bastante. Dar esse primeiro passo é fundamental.
Fonte: https://psiquiatriapaulista.com.br/alcoolismo-e-doenca-e-pede-tratamento/