
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgou os dados econômico-financeiros referentes ao ano de 2024, indicando que o setor de planos de saúde registrou significativa melhora em seus resultados. Os números apontam retomada da sustentabilidade econômica, com forte crescimento do lucro líquido das operadoras e queda da sinistralidade (índice de despesas assistenciais sobre a receita). Esse cenário traz um tom positivo para o mercado de saúde suplementar, especialmente para as empresas contratantes de planos de saúde corporativos, ao sinalizar maior estabilidade e previsibilidade.
Lucro Líquido em Alta e Setor Mais Sustentável
Em 2024, as operadoras de planos de saúde alcançaram um lucro líquido total de R$ 11,1 bilhões, um aumento de 271% em relação a 2023. Esse resultado corresponde a cerca de 3,16% da receita total do setor (aproximadamente R$ 350 bilhões no ano), o que equivale a R$ 3,16 de lucro para cada R$ 100,00 em receitas. Trata-se do melhor desempenho financeiro do setor desde 2020gov.br, evidenciando uma recuperação sólida após os desafios trazidos pelo período da pandemia.
O principal motor desse resultado foi o segmento de planos médico-hospitalares (planos de saúde que cobrem assistência médica e hospitalar), responsável pela maior parte do lucro. As operadoras desse segmento somaram R$ 10,2 bilhões em lucro líquido, consolidando a recuperação de sua operação principal. Houve um resultado operacional – isto é, a diferença entre receitas e despesas diretamente ligadas à assistência à saúde – positivo em torno de R$ 4 bilhões nesse segmento, voltando a patamares próximos ao período pré-pandemia. Em outras palavras, as receitas com mensalidades dos planos voltaram a superar os custos assistenciais e administrativos de forma saudável. Esse reequilíbrio financeiro ocorreu na maior parte das modalidades de operadoras, indicando um setor mais sustentável em sua atividade fim.
Além do desempenho operacional, as receitas financeiras (provenientes de investimentos) também contribuíram para o resultado final. As operadoras encerraram 2024 com cerca de R$ 120 bilhões aplicados no mercado financeiro, gerando um resultado financeiro positivo de R$ 8,5 bilhões no ano. Embora um pouco inferior ao de 2023, esses rendimentos reforçaram o caixa das empresas. Segundo a ANS, a combinação de recuperação operacional e estabilidade dos ganhos financeiros cria “um ambiente mais sustentável”, permitindo que essa trajetória de melhora se traduza em maior previsibilidade e solidez para o setor. Para as empresas contratantes, isso significa operadoras de planos de saúde mais equilibradas financeiramente, reduzindo riscos de interrupção de serviços e contribuindo para a continuidade dos negócios com qualidade.
Sinistralidade em Queda (Despesas Assistenciais sob Controle)
Outro dado de destaque em 2024 foi a redução da sinistralidade – principal indicador de desempenho das operadoras, que mede o percentual da receita de mensalidades gasto com despesas assistenciais (consultas, exames, internações etc.). No 4º trimestre de 2024, a sinistralidade agregada dos planos médico-hospitalares ficou em 82,2%, a menor já registrada em um quarto trimestre desde 2018. Esse índice representa uma queda de 1,5 ponto percentual em relação ao mesmo período do ano anterior , indicando que, em média, as operadoras destinaram uma parcela menor da receita para pagar despesas de saúde dos beneficiários. Em termos práticos, cerca de 82% de tudo que as operadoras arrecadam em mensalidades foi utilizado para custear atendimentos, restando aproximadamente 18% para cobrir despesas administrativas e margem de lucro.
A queda da sinistralidade é um sinal positivo de equilíbrio entre custos e receitas. Ela resulta de uma reorganização financeira promovida pelas empresas do setor desde 2023, especialmente pelas operadoras de grande porte, com medidas como reajustes graduais das mensalidades em patamar acima do crescimento das despesas assistenciais. Em outras palavras, os planos de saúde adequaram seus preços e controlaram os custos médico-hospitalares, recuperando margens de operação. Para as empresas contratantes, sinistralidade sob controle sugere menor pressão por reajustes abruptos nas mensalidades dos planos corporativos no futuro. Operadoras com despesas assistenciais proporcionais mais baixas tendem a estar financeiramente saudáveis, o que contribui para a previsibilidade nos contratos e para a capacidade de investimento em qualidade de atendimento e rede credenciada.
Fonte dos dados: Agência Nacional de Saúde Suplementar – Divulgação dos Dados Econômico-Financeiros de 2024 . Todas as informações acima foram extraídas e adaptadas a partir do material oficial da ANS, publicado em 18/03/2025, e do Atlas Econômico-Financeiro da Saúde Suplementar. As explicações e interpretações têm foco informativo e visam esclarecer o significado prático dos indicadores para gestores e executivos de empresas.