
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgou, em 2 de setembro de 2025, os resultados econômico-financeiros do setor de saúde suplementar referentes ao primeiro semestre do ano. Os números, disponibilizados no Painel Econômico-Financeiro da Saúde Suplementar, mostram um desempenho histórico: lucro líquido recorde, redução da sinistralidade e melhora significativa da eficiência operacional das operadoras.
Resultados gerais do setor
- Lucro líquido: R$ 12,9 bilhões nos primeiros seis meses de 2025.
- Crescimento: alta de 131,9% em relação ao mesmo período de 2024.
- Margem líquida: 6,8% sobre uma receita total de aproximadamente R$ 190 bilhões.
- Abrangência: 77,5% das entidades reguladas (607 operadoras) fecharam o semestre no azul, um avanço de 8,3 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
Esse é o melhor resultado nominal da série histórica iniciada em 2018, superando inclusive o recorde obtido durante a pandemia de Covid-19, quando houve queda abrupta na utilização dos serviços assistenciais.


Operadoras médico-hospitalares: motor do resultado
As operadoras médico-hospitalares, que concentram a maior parte dos beneficiários e das receitas do setor, registraram:
- Lucro líquido: R$ 12,4 bilhões.
- Resultado operacional: R$ 6,3 bilhões, crescimento de 157% em relação ao mesmo período de 2024.
- Resultado financeiro: R$ 6,8 bilhões, o maior da série histórica, impulsionado pelas aplicações financeiras em um cenário de juros elevados (estoque de R$ 130 bilhões em investimentos ao final de junho/25).
👉 Única exceção: as autogestões, que registraram prejuízo operacional de R$ 1,2 bilhão, 10,3% maior do que no mesmo período do ano anterior.
Desempenho por porte
- Grandes operadoras: lucro líquido agregado de R$ 9,7 bilhões, alta de 114% frente a 2024.
- Médias operadoras: crescimento percentual mais expressivo, de 622%, atingindo R$ 2 bilhões.
- Pequenas operadoras: também apresentaram melhora, embora em proporções mais modestas.
Esse cenário indica uma tendência de fortalecimento das empresas de médio porte, que têm conseguido ajustar operações e aproveitar nichos de mercado.
Sinistralidade em queda
A sinistralidade, indicador que mede a proporção da receita destinada a cobrir despesas assistenciais, foi de 81,1% no 1º semestre de 2025.
- Queda de 2,7 pontos percentuais em relação ao mesmo período de 2024.
- É o menor índice para primeiros semestres desde 2018, exceto 2020 (pandemia).
- Motivo principal: recomposição das mensalidades em ritmo superior ao aumento das despesas assistenciais, movimento observado desde 2023.

Por que esses números são importantes
- Para os beneficiários: maior sustentabilidade das operadoras tende a reduzir o risco de desassistência e falência de empresas.
- Para as operadoras: resultados positivos criam espaço para investimentos em inovação, ampliação de rede e programas de prevenção.
- Para empresas contratantes: embora o setor esteja financeiramente mais saudável, a recomposição de preços que ajudou a reduzir a sinistralidade pode continuar pressionando os custos dos contratos coletivos.
Perspectivas
- A queda da sinistralidade pode indicar um ciclo mais equilibrado para o setor, mas também gera debate sobre até que ponto os reajustes aplicados em 2023 e 2024 foram determinantes para o resultado recorde.
- O desafio será manter a sustentabilidade sem transferir altos custos aos consumidores.
- Outro ponto é o impacto da incorporação de novas tecnologias ao Rol da ANS, que podem elevar despesas assistenciais no médio prazo.
“Os números do primeiro semestre de 2025 mostram um resultado histórico para a saúde suplementar: aumento do resultado operacional, redução da sinistralidade e manutenção de receitas financeiras robustas. Esse conjunto de fatores contribui para a sustentabilidade econômico-financeira do setor, o que é fundamental para garantir a continuidade da assistência a mais de 50 milhões de beneficiários”, destacou Jorge Aquino, diretor de Normas e Habilitação das Operadoras da ANS.




