
Na manhã de 8 de setembro de 2025, diretores da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) se reuniram com representantes da Oncoclínicas, rede especializada no tratamento de câncer, em meio à crise envolvendo a Unimed Ferj e a continuidade da assistência a pacientes oncológicos.
O encontro teve como objetivo ouvir diretamente da clínica sua versão sobre a interrupção dos atendimentos aos beneficiários da operadora.
O que relatou a Oncoclínicas
Na reunião, os representantes da clínica foram enfáticos:
- A interrupção ocorreu devido à inadimplência da Unimed Ferj, que não vinha realizando os pagamentos devidos.
- Essa situação já levou ao fechamento de duas unidades da Oncoclínicas.
- A rede informou ainda que recebeu da Unimed Ferj um comunicado oficial determinando a transferência de todos os pacientes oncológicos para o Espaço Cuidar Bem, com o consequente descredenciamento da Oncoclínicas – fato que contraria a versão apresentada pela própria operadora à ANS em reuniões anteriores.
A posição da ANS
Diante das informações contraditórias e da gravidade da situação, a ANS anunciou que irá convocar novamente a Unimed Ferj, a Unimed do Brasil e a Central Nacional Unimed. O objetivo é exigir uma solução definitiva e imediata que assegure o fornecimento de medicamentos, a continuidade de tratamentos e a manutenção da rede de atendimento para os pacientes em tratamento contra o câncer.
O diretor-presidente da Agência, Wadih Damous, foi categórico:
“Não vamos descansar enquanto os beneficiários da Unimed Ferj não estiverem recebendo o atendimento adequado. Já instauramos o acompanhamento presencial na operadora, que é o regime de Direção Técnica, e vamos continuar cobrando a normalização da assistência. O consumidor não tem que pagar essa conta.”
Contexto da crise
- O impasse entre a Unimed Ferj e a Oncoclínicas vem se arrastando desde o início do semestre, com prejuízos diretos a pacientes em tratamento contínuo.
- A falta de clareza na comunicação por parte da operadora agravou a insegurança, já que beneficiários não sabiam ao certo onde continuar seus tratamentos.
- O caso expôs um problema recorrente no sistema Unimed: a necessidade de responsabilidade solidária entre as singulares, a Unimed do Brasil e a Central Nacional, em situações que envolvem a vida dos beneficiários.
Impactos para os beneficiários
- Tratamentos interrompidos: pacientes em quimioterapia, radioterapia e uso de medicamentos de alto custo ficaram em situação de incerteza.
- Perda de confiança: relatos indicam insegurança quanto à rede credenciada e ao futuro dos tratamentos.
- Judicialização: cresce o risco de ações judiciais individuais e coletivas exigindo continuidade da assistência.
Perspectivas
A ANS já instaurou o regime de Direção Técnica na Unimed Ferj, o que significa monitoramento presencial e contínuo da Agência na operadora. Espera-se que, nas próximas reuniões com o sistema Unimed, sejam apresentadas medidas concretas para:
- Reestabelecer o atendimento oncológico.
- Garantir pagamentos regulares aos prestadores.
- Reforçar a transparência na comunicação com os pacientes.
Este episódio pode se tornar um divisor de águas na forma como a ANS regula disputas entre operadoras e prestadores. A tendência é que o órgão regulador cobre com mais firmeza soluções rápidas e evite que conflitos comerciais resultem em desassistência a pacientes críticos




